domingo, 1 de dezembro de 2013

Por que brasileiros gostam de concurso público para Receita Federal!?

  Ao caro leitor

  Por que brasileiros gostam tanto de fazer concurso público para trabalhar na Receita Federal?

  Hoje eu gostaria de tratar sobre concurso público no Japão.


  Eu tive essa dúvida porque muitos alunos meus que já trabalham em empresas privadas estudam para passar no concurso público.

  Ao lhes perguntar para qual concurso eles estão estudando, eles sempre me respondiam a seguinte órgão.

  Receita Federal.


 Será que Receita Federal é um lugar bom de trabalhar?Acredito que não.É um lugar de trabalho comum como qualquer outra entidade ou empresa privada.

  Então, para que os brasileiros estão loucos por trabalhar na Receita Federal?

  Com certeza absoluta, eles querem salários altos ( comparando com os das outras ), estabilidade financeira e outros inúmeros benefícios.

  Eu até entendo isso.No entanto, vale a pena desistir de trabalhar naquela ramo de que tanto gostava?

  A maioria dos meus alunos que estudavam para concurso trabalha nos ramos que não tinha nada a ver com tipos de trabalho na Receita Federal, tais como arquitetura, bibliografia,moda, engenharia de computação, química e muito mais.

  Você trocaria de empregos por causa do salário?


  Se for no mesmo ramo, tudo bem.No caso contrário, não sei se vale a pena.

  Passar a vida inteira fazendo os trabalho de que você não gosta deve ser um sofrimento e tanto.Eu jamais faria isso,pois eu sei que não vou poder aguentar nesse local.Aliás, eu me demiti e saí de empresa de software no Japão depois que eu trabalhei só 6 meses.

  No entanto,a popularidade de funcionário público no Japão também é muito alto principalmente depois que a economia japonesa entrou na depressão nos anos 90.

  Diferente dos brasileiros que fazem concurso por causa do salário alto, os japoneses querem ser funcionário público em busca de estabilidade financeira.Eu digo isso porque os salários dos funcionários públicos são menores do que os salários dos funcionários das empresas grandes e médias.

  Há duas categorias nos funcionários públicos no Japão : funcionário nacional 国家公務員 e funcionário regional 地方公務員 .

  O funcionário nacional no Japão corresponderia funcionário federal no Brasil.Eles trabalham em órgãos públicos.Os vários ministérios tais como Ministério da Educação,da cultura,dos Esporte, da Ciência e da Tecnologia 文部科学省 e Ministério da Fazenda 財務省 são bons exemplos disso.


  Há três níveis para FN ( funcionário nacional ) : FN,FN e FN.Para você se candidatar para FNe FN, precisa-se de terceiro grau completo.Para você se candidatar para FN, precisa-se de segundo grau completo.

  Então, qual é a diferença entre FNe FN?

  Quem passou no FNvai seguir a carreira para ser líder de cada órgão público ( 官僚 )no futuro.Ou seja, eles são elites e terão grande possibilidades de administrar o governo japonês como protagonista no futuro.

  Como você pode imaginar, a concorrência pelas vagas da FN é extremamente grande.Então,a maioria de quem passa neste concurso é formados das melhores universidades do Japão tais como Universidade de Tóquio e Universidade de Kyoto.


  Passar concurso para FNtambém não é nada fácil infelizmente.Apesar de que quem passou neste concurso não tem garantia de ter carreira promissor como quem passou no concurso para FN , eles também vão fazer quase mesmo tipos de trabalhos e não têm quase nada de diferença em relação ao salário inicial.

  Aliás, como eu já escrevi acima, os salários iniciais de todos os funcionários públicos que exigem terceiro grau completo são baixos, tipo 4,5 mil reais.O pior é que os salários deles aumentam ao rítimo muito devagar nos primeiros 12,13 anos das suas carreiras.Por isso, quem trabalha nas empresas grandes tais como Sony e Nintendo ganham muito mais do que quem está seguindo sua carreira como funcionário público.
 
  Contudo, ao chegar a faixa etária 50, a situação vai ser invertida. Aquelas pessoas que seguiu carreira como  FN vão começar ganhar bem e o melhor é que não precisa se preocupar com demissões. Por outro lado, quem trabalhou nas empresas grandes e não conseguiu chegar no cargo de diretoria tais como chefe de algum departamento tem grande possibilidade de ser demitido por causa do seu salário bem alto. E se perder o emprego, fica muito complicado arrumar outros empregos nas outras empresas nessa idade.

  Diferente dos concursos públicos no Brasil, realiza-se os concursos todos os anos na época determinada.Além disso, há limitações de idades dos candidatos para cada concurso. Para concursos que exigem terceiro grau completo,as idades dos candidatos têm que ser entre 21 e 29. Para concursos que exigem segundo grau completo,as idades dos candidatos têm que ser entre 17 e 20. Devido à essa limitação de idades, quem já tem terceiro grau completo não tem como concorrer uma vaga num concurso que exige só segundo grau completo.

  Eu acho essa medida boa no Japão.Porque quem se formou na universidade deve concorrer na sua categoria adequada.Além do mais, como japonês é um povo que se importa muito com idades dos outros, quem entrou com idade avançada deve sofrer no trabalho.

  Eu já vi muitos brasileiros acima de 30 anos que estudam para passar no concurso, cujo salário inicial é bom ( e deve ser muito melhor do que o salário atual do candidato ). Eu admiro essa filosofia brasileira de dar “segundas“ chances para todas as pessoas independente das idades dos candidatos.

  No entanto, eu acho que há momento certo para cada coisa na nossa vida.Se não conseguiu passar dentro daquele tempo determinado, deve seguir a outra carreira que lhe interessa.

 Os candidatos para concurso público no Japão precisam passar pelas várias etapas que nem nos concursos no Brasil.Na primeira fase, aplicam-se as provas escritas objetivas e as provas escritas dissertativas.Quem passou na primeira fase precisa fazer entrevista individual, entrevista coletiva e exame de saúde.Depois disso, quem passou na segunda fase precisa visitar os ministérios que querem entrar.

  Não há diferenças de salários entre os ministérios.Os japoneses aprovados nos concursos escolhem seus ministérios preferidos pensando em que tipo de trabalho eles querem fazer.Eles não escolhem seus ministérios pelos salários, já que recebem mesmos salários. Realmente o ministério da Fazenda é um dos mais visados pelos candidatos sim, pois eles acham que quem lida com dinheiro público é elite....

  O funcionário regional no Japão corresponderia funcionário estadual ou municipal no Brasil.Quanto maior a população o município tem, mais difícil o concurso fica.Normalmente o salário do funcionário público do Ken ( corresponderia estado no Brasil ) é melhor do que o salário do funcionário do Shi ( corresponderia cidade no Brasil ).

Hoje em dia, muitos japoneses jovens preferem trabalhar dentro de uma região determinada e não gostam de transferência, o que ocorre com funcionários nacionais com muita frequência.Por isso mesmo, a popularidade do funcionário regional também vem aumentando nas últimas décadas no Japão.

E você?Você é funcionário público? Caso sim,por que você escolheu essa carreira?

Eu não estou negando a carreira do funcionário público.Muito pelo contrário,há muitos cargos públicos, só através dos quais podem contribuir para sociedade em geral.Ou seja,quando você se sente prazer de trabalhar na área em que você escolher,eu não vejo nenhum problema nisso.O que eu não acho bom é escolher a sua carreira só por causa da estabilidade financeira e salário alto, contrariando seu próprio desejo.

O livro “Ensinamentos de milionário judeu” que eu já apresentei num post dizia isso.E eu também acho isso baseado na própria experiência.


;)

Comentários
7 Comentários

7 comentários:

Anônimo disse...

acho que um concurso ainda mais cobiçado é o do TRF: tribunal regional federal.
em um concurso que fiz o salario mais baixo era de 7 mil e 500 reais e olha que não precisava de ensino superior, bastava ter o ensino médio, não precisava nem ter curso de nada.
para cargo de nível superior o salario estava por volta dos 14 mil.
eu até concordo que é mais legal trabalha naquilo que se gosta, o problema é que quase ninguém consegue trabalha no que se gosta.

Anônimo disse...

Seu pensamento é de uma pessoa que veio de um país desenvolvido onde a meritocracia e o sucesso profissional regem a sociedade.Os salários pagos pelo funcionalismo público federal no Brasil se aproxima do salário médio de um trabalhador nos países desenvolvidos.No Japão,comparado com o Brasil,as oportunidades de educação e trabalho na área de formação é na média igualitário.Trabalhar no setor privado na sua área de formação é mais vantajoso em países desenvolvidos.Ser funcionário público é sinal de fracasso profissional nesses países.Aqui,um país em desenvolvimento onde a economia é tratada sem planejamento,ser funcionário público é como ganhar na loteria.

Anônimo disse...

Meu ego pensa da seguinte forma sobre trabalhar naquilo que gosta: AS VAGAS DE FOTÓGRAFO DA G MAGAZINE ou da PLAYBOY JÁ ESTÃO PREENCHIDAS, LOGO BUSQUE TRABALHAR NAQUILO QUE DÊ ALGUM SUSTENTO!
Nem sempre um funcionário público ganha um salário superior ao salário da iniciativa privada, por exemplo , o salário para quem tem nível médio em um concurso estadual de Minas Gerais é de R$1100 ao mês com um plano de carreira péssimo.
PRESTO CONCURSOS PELA ESTABILIDADE POIS NINGUÉM ME DEMITIRÁ CASO TIVER QUE FAZER UMA CIRURGIA E TIVER QUE TIRAR 3 MESES DE LICENÇA MÉDICA OU ENTÃO PODEREI TIRAR FÉRIAS INTEGRAIS SEM AMEAÇAS.

Cris disse...

Bom, você esta a bastante tempo no Brasil. Já deve saber quanto custa um bom apartamento, um carro, um bom celular,um PS4, as mensalidades de uma boa escola para os filhos, etc... As pessoas desejam para si e para os entes queridos coisas boas e isto acaba envolvendo bens de consumo, gasto com saúde, segurança, etc...
E infelizmente aqui no Brasil o que é bom é caro. Os salários são baixos e o poder de aquisição menor ainda. Então as pessoas buscam salários melhores em concursos como a receita federal, pois é muito frustrante você estudar durante tantos anos para ter a formação do trabalho dos sonhos e no fim pra ganhar menos que um atendente de farmácia em um pais de primeiro mundo.
Talvez se os salários de muitas profissões fossem mais justos ou que o mercado de trabalho pudesse atender mais profissionais das diferentes áreas, os concursos públicos não seriam tão procurados pelos brasileiros.
No mais, o brasileiro também procura a estabilidade, oportunidades de crescimento e facilidades de ser um funcionário publico.

Anônimo disse...

Yuki, Você Já Foi Em Um Café Maid, No Japão? Eu Acho Eles Bem Curiosos. Será Que Isso Daria Um Post?
;)

Unknown disse...

Olá! Primeira vez que estou comentando aqui embora já leia o seu blog por alguns meses.

Essa questão de ser servidor público é polêmica. Estou cursando bacharelado em Administração Pública em uma universidade federal. A conclusão que nós alunos do curso e professores geralmente chegamos é que algo que vai de acordo com o que você diz. As pessoas se iludem com salários iniciais (na esfera federal) mais alto o do que no setor público e largam as suas carreiras. O que acontece após isso é a desmotivação do funcionário público e por consequência os serviços públicos vão adquirindo péssima qualidade. Um professor meu sempre diz que o principal pré-requisito para uma pessoa ser servidora pública é ter vontade de servir ao público, de colocar os interesses públicos na frente dos seus. O que não acontece, as pessoas aprovadas no concurso estão todas visando estabilidade e salário alto, acaba pagando o preço com a insatisfação no trabalho e o contribuinte paga mais uma vez tendo que lhe dar com funcionários sem vontade de trabalhar.

Unknown disse...

Interessante o post, poderia comentar mais sobre o assédio de demissões e férias longas que existem nos trabalhos do japão, me parece que servidor público tem mais tranquilidade nesse sentido.

Sou funcionário público atualmente, mas como trabalho na minha área (informática) acho tranquilo em relação a satisfação do trabalho. Realmente, pra quem for mudar de área drasticamente é complicado, sugiro buscar algo que tenha a mínima afinidade antes...

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